*Zonas Autônomas Temporárias, tema surgido nas trocas de idéias com a rapa, essas quartas-feiras ainda vão render muito*
Comunismo, Lenismo, Marksismo e outros tantos “ismo” se tornaram obsoletos. A maioria dos movimentos que se opuseram ao capitalismo foram engolidos pelo sistema e viraram filmes, livros, broches, camisetas, canecas personalizadas e diversificados apetrechos, produtos nas prateleiras mercadológicas e feirinhas bregas e chiques.
O bicho papão do capitalismo, o “ismo” que vem engolindo todos os outros, está bem representado pelo Mercado o grande poderoso, aquele que escutamos os especialistas dizer, “amanheceu nervoso”, “foi dormi tranqüilo”. O Mercado tornou-se uma entidade sobre natural, os economistas que o digam os cidadãos que o temam, pois é só pronunciar a palavra sagrada “inflação” para o bicho se alterar, cuidado com o espírito maligno....
Definir uma idéia, concretizar um movimento contra o sistema é assinar o seu atestado de óbito, e se preparar para ser trucidado pelo Mercado, pois o capitalismo tem uma estrutura frenética com um poder de reestruturação veloz e sem precedente, a revolução tecnológica é prova cabal disso.
No entanto, como o sistema reagiria contra o movimento do nada? O nadismo seria engolido? E se o movimento fosse um espasmo, momento de rebeldia instantânea. Qual seria a reação?
Imagine o nada como produto. Um movimento inacabado algo não definido , é possível ser capturado e corrompido? Uma brecha no sistema, áreas despercebidas, buracos no tecido social, que estão em constante dinâmica, áreas propícias para tirar proveito da sociedade do espetáculo, numa rapidez de se desfazer e reorganizar.
Acredito no mundo de Orwell, 1984 está presente, com câmeras e sensores , radares sobre nossas cabeças e o braço forte do Estado golpeando nossa nuca, tudo isso a serviço de quem? Advinha? No entanto, também acredito nas TAZ (Zonas Autônomas Temporárias) o não lugar, o espaço inexistente a rebeldia contundente sem ideologia definida uma faísca que se percebe apenas o cheiro da fumaça.
Se é que o Projeto existe como concreto, ele está na percepção dos educadores, educandos, voluntários e colaboradores que participam e participaram do Raiz, pedaços anônimos e itinerantes nas ruas e universidades dentro e fora deste país. Com novas perspectivas, vidas transformadas e penduradas no tempo.
Porém , diante dos Olhos do Grande Irmão, na poeira cósmica das TAZ ainda nos resta uma inquietante pergunta, o que é o Projeto Raiz?
“Todas as sociedades tremem quando a desdenhosa aristocracia dos vagabundos, dos inacessíveis, dos únicos, dos que governam sobre o ideal, e dos conquistadores do nada, avança resolutamente” (Renzo Novatore)
