20 março 2008

Melhor que Dominar o vizinho, é vê-lo em Guerra*

Depois de “América para os Americanos” e a “Política do Porrete”, vivemos sobre outro lema: Melhor que Dominar o vizinho, é vê-lo em Guerra

A Colômbia é um país fadado ao flagelo, pois além de ter uma série de conflitos internos permeados pelos combates entre o Exército Colombiano, as FARC (Forças Revolucionárias da Colômbia) e os Paramilitares, o governo colombiano ainda conta com o aparato tecnológico, logístico e financeiro do governo norte americano. Tal situação acirra mais os conflitos armados colombiano cujos resultados são o aumento dos números de mortos e feridos, de ambos os lados, inclusive da população civil. Esta por vários motivos, dentre eles o assassinatos de parentes, discordância política ou por não enxergar esperança de melhoras com o atual governo acaba engrossando as fileiras tanto do exército Paramilitar como das FARC.

Contudo, este negócio de que o problema da América Latina é "culpa dos homens barbudos, malvados, narcotraficantes e terroristas das FARC" é discurso batido nos meios de comunicação de massa, que em sua maioria são dominados pela elite, esta por sua vez não aguenta ver um país governado por presidentes da frente popular como, por exemplo, LULA, RAFAEL CORREIA, EVO MORALES, HUGO CHAVES, entre outros, tal elite se utiliza de todos os meios para financiar e programar golpes de todos os tipos, inclusive os semanais, no Brasil a Revista Veja é um exemplo cabal disto.

É necessário saber mais sobre a própria história da Colômbia para entender de fato o que significa o “incidente” no território Equatoriano. O fato é que a Colômbia violou a Soberania do Equador, mas também é verdade que a Soberania da Colômbia esta desintegrada a muito tempo, pois o governo colombiano não tem o monopólio da força física em seu território, elemento fundamental para se constituir um país soberano. Entretanto, tal soberania é impossível num país onde existem tantas forças armadas conflitando entre si, inclusive forças mercenárias, atuando com o pretexto de dar ajuda externa, aquela a mesma que foi concedida para democratizar o Iraque há cinco anos atrás.

É inegável que o ocorrido não foi um acidente, foi simplesmente planejado e executado, afinal faz parte do plano Colômbia eliminar as FARC e numa operação como a que aconteceu as conseqüências também eram previstas, não será necessário fazer nenhum esforço mental para saber que o governo americano iria apoiar a Colômbia em caso de Guerra.

Já o apoio ao Equador foi declarado de imediato pela Venezuela e não é de se surpreender, pois o governo venezuelano resgata o ideário de Simon Bolívar cujo objetivo era construir uma América latina forte, livre e integrada. Mas como isto será possível, se somos explorados, tratados como colônia pelos países super-globalizados. Estes só têm a ganhar ou "lucrar" com os conflitos e desentendimentos políticos dentro e entre os países latino-americanos.

Hugo Chaves é intitulado como ditador, mas como ditadura num país onde o seu presidente propõe uma nova Constituição que foi amplamente debatida entre as forças sociais e políticas oposicionistas e governamentais, sendo posteriormente, submetida e aprovada pelo povo por intermédio de um referendo. Também é importante não nos esquecermos das propostas, encabeçada por Chaves, de emendas à Constituição, no ano passado, que também foi submetida a um referendo e recusado pelo povo. Se isto é uma ditadura, fica difícil saber o que é uma democracia. Quais são os outros países latino-americanos que submeteu sua Constituição a um debate nacional culminado num referendo e aprovada por este? Vamos tirar o nosso Brasil, democraticamente, das opções e refletir mais sobre o assunto.

Não acredito em receitas ou discursos prontos para resolver os problemas da guerrilha colombiana, mas também não se pode aceitar que a Colômbia fira a soberania do Equador ou de outros países com o objetivo de resolver seus conflitos internos e aceitarmos passivamente como uma coisa boa, só por que a Veja escreveu ou alguém disse.

É necessário desenvolver uma visão crítica ao invés de se deixar se levar pela “a - critica” com seus discursos batidos e sem fundamentos, além de tudo, sabemos qual é doutrina que o presidente Álvaro Uribe segue, que por “coincidência” é a mesma doutrina do governo americano cujo princípio é passar por cima de tudo e de todos para fazer valer seus interesses e o resto está tudo sob controle, inclusive a os organismos internacionais. A “aparente solução do conflito” não deixa dúvidas disto.

George Orwell tinha toda a razão em seu livro 1984 ao postular que:
“Guerra é Paz”

“Ignorância é Força”
“Liberdade é Escravidão”
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*Texto postado no moodle puc/sp, comunidade acadêmica do curso de Direito Internacional (2º ano), que tem como tema a ação da Colômbia no Território Equatoriano e o envolvimento da Venezuela no Conflito. Já que as visões predominantes das postagens eram de direita, resolvi acrescentar ao debate uma outra.

1 Comentários:

disse em 28/3/08 12:29, Anonymous Anônimo

É isso aí, meu caro. Parabéns!
Táli

 

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